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Memorial a Jeremias deve ser erguido em Itambé
Existe uma proposta de construir um centro cultural no local onde funcionou a antiga delegacia sindical do município

Moradores fizeram uma passeata no sábado (31) pelas ruas do distrito de Serrinha até a antiga sede da delegacia sindical, local de atuação de Jeremias
Edmar Melo/JC Imagem
As iniciativas de resgate histórico do “Caso Jeremias” não ficarão restritas à pressão para que sua morte seja enquadrada como crime político e analisada pela Comissão Estadual da Verdade. O primeiro passo foi dado no último sábado (31), no antigo distrito de Serrinha, no município de Itambé, onde Jeremias comandou, em 1963, a delegacia sindical dos trabalhadores rurais da região. Lá, foi a parada final de uma caminhada organizada pelo historiador Felipe Gallindo junto com o movimento sindical e agricultores da cidade.

O ato funcionou como um convite aos moradores para que conheçam a trajetória de um personagem que se confunde com um pedaço da história do próprio município. Mais do que isso: fez com que pessoas que conviveram com Jeremias se aproximassem voluntariamente da caminhada para darem seus testemunhos. Foi o caso do senhor Raimundo da Silva. Aos 92 anos, ele mora a quatro ruas da antiga sede da delegacia sindical de Serrinha. Disse ter ouvido o nome de Jeremias ser evocado no carro de som e resolveu sair de casa para conferir do que se tratava.



Fez o trajeto devagar, sozinho, apoiando-se num guarda-chuva, até a linha de chegada da passeata. Ficou só observando, mas bastou ser abordado para contar que presenciou a chacina do Oriente e assistiu à morte de Jeremias. Na época, tinha 42 anos e trabalhava num engenho da região. Seu testemunho confirma a versão de que o crime foi premeditado. “Mandaram chamar Jeremias, mas já tava tudo preparado lá no engenho. Foi recebido com bala e ainda atingiu mais gente aquele pessoal do Zé Borba”, lembra.

Para que o caso Jeremias seja difundido em Itambé, existe a proposta de produzir cartilhas educativas e distribuir a alunos e professores das escolas do município. Outra ideia é desapropriar o terreno baldio onde funcionou o sindicato de Serrinha e erguer um centro cultural em homenagem a Jeremias. O prefeito de Itambé, Bruno Ribeiro (PSB), chegou a participar do início do ato no sábado e se comprometeu em apoiar a iniciativa. “Vamos dar todo o suporte à construção desse memorial, que é de fundamental importância para a história da cidade”, garantiu.

O presidente do sindicato dos trabalhadores rurais do município, Genésio da Silva, quer aproveitar o resgate do caso Jeremias para fazer um pleito ao poder público: conseguir a regularização do assentamento “Manoel Matos”, fundado há 11 anos por 34 famílias. Seu relato de um dos embates que viveu com um latifundiário da região é um retrato da tensão que se perpetua no campo até hoje.

Ao negociar a concessão de um benefício aos camponeses, Genésio disse ter ouvido a seguinte frase do proprietário: “Se fosse em outro tempo, a gente resolvia isso de outro jeito”, lembrou.

Fonte: Jornal do Commercio

Manoel Mattos é lembrado em missa promovida pela OAB-PE
Celebração será às 9h, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco




Os quatro anos da morte do advogado Manoel Bezerra de Mattos Neto serão lembrados pela presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Pernambuco (OAB-PE), em missa celebrada nesta quarta-feira (23), às 9h, na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, na rua do Imperador Pedro II (em frente ao prédio da OAB-PE).Além da missa promovida pela OAB-PE, a morte de Mattos será lembrada em uma série de atos públicos realizados na quinta-feira (24), em João Pessoa (PB), onde o caso tramita na esfera federal.

Natural de Itambé, zona da Mata Norte de Pernambuco, Mattos foi assassinado em 24 de janeiro de 2009, no município de Pitimbu, Estado da Paraíba.ntegrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE, na época, ele havia denunciado a existência de grupos de extermínio, com a participação de policiais militares, que agiam livremente na região de Itambé.

De acordo com o processo, os acusados pelo crime são o sargento da Polícia Militar Flávio Inácio Pereira e Cláudio Roberto Borges, apontados como mandantes, José da Silva Martins e Sérgio Paulo da Silva, denunciados como executores, e José Nilson Borges, irmão de Cláudio e dono da arma. Eles vão responder pelo crime de homicídio qualificado praticado por motivo torpe e mediante dissimulação ou outro recurso que dificulta ou torna impossível a defesa do ofendido. Os acusados em questão estão sendo julgados pela execução do crime.


Fonte: FolhaPE